Comprovação científica e eficácia terapêutica |
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Comprovação científica e eficácia terapêutica |
O grande desafio dos artistas é aniquilar o equilíbrio estático em suas pinturas através de oposições (contrastes) contínuas dentre as maneiras de expressão. É absolutamente natural os seres humanos buscarem um equilíbrio estático. Esse equilíbrio, evidentemente, é necessário para a existência no tempo. Mas a vitalidade na sucessão contínua do tempo sempre destrói esse equilíbrio.” [1]
Piet Mondrian[2]
Piet Mondrian via na arte uma maneira de expressar sua concepção sobre a vida. Vida em constante movimento, onde dualidades/oposições interagem num equilíbrio dinâmico. Em suas obras, Mondrian fez uso das linhas horizontal e vertical como expressão de opostos. Segmentos coloridos e não-coloridos de suas telas transmitem a mesma idéia de oposição (vermelho-quente / azul-frio). A linha vertical representaria o masculino, o mental/espiritual; a linha horizontal (alinhada com a terra), o feminino e o material. Luz e não-luz é outra das dicotomias presentes. As dualidades não são estanques. As linhas vertical e horizontal formam ângulos de noventa graus, sugerindo que os opostos se encontram. As linhas e seus encontros (interseções) conduzem o observador à seguinte pergunta: o que é “fundo”, o que é “figura”? Tanto as linhas quanto as partes coloridas e não-coloridas poderiam ser, simultaneamente, “figura” e “fundo”, situadas em um mesmo plano. A imagem pode ser vista, então, como uma totalidade. Ao olhar para as obras de Mondrian, repare: você enxerga as grades ou os compartimentos coloridos e não-coloridos?
É perceptível a intenção do artista de dispor os elementos de sua obra como um “continuum” de cores, luminosidade, traçados e interseções, de dispô-los como possibilidades de gradações. Ao mesmo tempo, também ao fazer uso de intervalos desiguais entre as linhas cria um visual de ritmo (como
Mondrian, Dao De Jing / Pensamento Chinês e a Medicina Chinesa
A concepção de equilíbrio dinâmico de Mondrian, com o“precário” equilíbrio entre forças opostas, variáveis e mutantes, sua concepção de vida e arte parecem incrivelmente alinhadas com as idéias de Dao De Jing (base da Medicina Chinesa). Na observação e análise do mundo, os chineses já haviam compreendido os princípios Yin e Yang como polaridades do universo – opostos, mas também complementares, interdependentes, que se consomem mutuamente e podem transformar-se em seu oposto. Yin e Yang interagem consoante o ritmo cíclico da Natureza, evidenciando diversos momentos/movimentos de um mesmo processo, de um mesmo todo. São movimentos incessantes, num contínuo fluxo, num “continuum” de transformações. Transformação e mudança são características essenciais da natureza e dos processos vivos. Entre Yin e Yang encontram-se toda a diversidade possível, as infinitas possibilidades. As dualidades são aspectos de uma mesma coisa: o uno dividido em dois, depois em muitas e infinitas partes.
Dessa forma, para a Medicina Chinesa, a saúde e a doença podem ser aspectos de um mesmo processo. Processo num equilíbrio dinâmico, com flutuações constantes, possibilidades diversas, e que portanto necessita constantemente de ajustes.
Como seres vivos parte da natureza e do universo buscamos a harmonia, o equilíbrio, que, conforme já mencionado, não é estático, mas dinâmico. Estamos em constante movimento, e constantemente
A Medicina Chinesa busca ativar os mecanismos auto-regulatórios naturais do próprio corpo humano, reduzindo a necessidade de ajustes muito grandes e excessivamente drásticos, mesmo com os movimentos e as mudanças. O equilíbrio dinâmico aprecia a ação espontânea segundo o Dao.
Kelly Chung
trabalho produzido para a disciplina Fundamentos do Pensamento Oriental, para o curso de formação profissional em Acupuntura, da Escola Nacional de Acupuntura.
Referências
- Capra, Fritjof, O Ponto de Mutação, Editora Cultrix, 1982.
- D’Agostini, Luiz Renato e Cunha, Ana Paula Pereira, Ambiente, Editora Garamond, Rio de Janeiro, 2007.
- Kinsella, John, “Pure Work: Mallarmé, Mondrian and Adamson”, in: Salt Magazine, http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/01/text/Brennan_Michael_02.htm.
- Kruger, Runette, Art in the Fourth Dimension: Giving Form to Form – The Abstract Paintings of Piet Mondrian, http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4351.pdf.
- Lao Tsé, O Livro do Caminho Perfeito: Tao Té Ching, tradução e adaptação de Murillo Nunes de Azevedo, Editora Pensamento, São Paulo.
- Lao Tse, Tao Te Ching: O Livro do Caminho e da Virtude, tradução de Wu Juh Cherng, http://www.taoismo.org.br.
- The Free Library, Piet Mondrian: tableau with large red plane, blue, black, light green and greyish blue, 1921, http://www.thefreelibrary.com/Piet+Mondrian:+tableau+with+large+red+plane,+blue,+black,+light+green...-a0155404638.]
[1] Livre tradução de citação de Piet Mondrian, no artigo “Pure Work: Mallarmé, Mondrian and Adamson”, John Kinsella, Salt Magazine, http://www.saltpublishing.com/saltmagazine/issues/01/text/Brennan_Michael_02.htm.
[2] Piet Mondrian (1872-1944)- Pintor Holandês, no início de sua vida, recebeu grande influência do Calvinismo, com uma educação muito rígida (pai era pastor). Em 1914 associa-se ao movimento Neoplástico e por volta de 1920, chega ao estágio de pura abstração.