quarta-feira, 5 de agosto de 2015

    COMPARTILHE! HORA DE NOS MOBILIZARMOS NOVAMENTE!!!

    Ontem o relator Dep André Fufuca deu parecer favorável ao projeto 1549/2003 de Regulamentação da Acupuntura no Brasil. Agora é a vez de ser votado na CCJC. Precisamos nos manifestar pedindo que entre na pauta de votação e seja aprovado.
    Faça sua parte. Sabemos que a pressão popular é importante nas decisões políticas.
    Para acompanhar a tramitação do projeto acesse
    http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao…
    Para cobrar a votação escreva ou ligue para DiskCamara
    0800619619


sábado, 18 de julho de 2015

Post de ENAPEA

Em razão do nosso profundo respeito e paixão pela MEDICINA CHINESA, o movimento ENAPEA luta por uma Acupuntura INDEPENDENTE E PLENA. Não apoiamos nenhum tipo de projeto ou proposta que priorize a prática da Acupuntura por nenhum grupo, em detrimento de outros. Por uma simples razão: entendemos que a Acupuntura é parte de um sistema médico próprio (ver http://racionalidadesmedicas.pro.br/sobre/)
Não pode ser vista, ensinada ou praticada como um apêndice de nenhuma outra profissão. Enquanto no mundo inteiro, a acupuntura tem ganho espaço, regulamentada e reconhecida como profissão, no Brasil ainda sofremos boicotes públicos e outros velados contra o projeto de lei 1549/2003, que propõe a regulamentação da Acupuntura. É importante estar atento e brigar por este projeto. Quem se diz Acupunturista Tradicional não pode apoiar (ainda que involuntariamente) propostas reducionistas que ao longo do tempo mutilarão esta Arte de Cura MIlenar.


https://www.facebook.com/ENAPEA/photos/a.175062479262380.27921.171500449618583/671932616242028/?type=1&theater

segunda-feira, 1 de junho de 2015

O tao da colaboração


A formação em Acupuntura/ Medicina Chinesa é uma realidade no meio acadêmico contemporâneo de vários países, inclusive do Brasil. Nesse contexto, um grande desafio se apresenta para as escolas e para os educadores: estruturar cursos e estratégias pedagógicas adequadas ao estudo e à prática de um sistema médico oriundo de outra matriz cultural, que se configura como uma racionalidade médica, ancorada nos saberes e práticas clássicas daoístas e confucionistas e que assume ares transdisciplinares e notória complexidade. Concomitantemente, percebe-se a consolidação de um novo paradigma na educação, com formatos pedagógicos apoiados por Tecnologias de Informação e Comunicação cada vez mais avançadas e em plataformas de aprendizagem online, e com a maior participação do aluno na produção do conhecimento. Em vista disso, desenvolveu-se o presente Estudo de Caso, com os olhares ecossistêmico e taoísta como guias, com a intenção de retratar a experiência concreta de implementação da plataforma de ensino MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment), na inauguração de uma estratégia colaborativa em formato blended-learning (aprendizagem híbrida).


sexta-feira, 6 de setembro de 2013




Por que o uso do termo "Acupuntura Multiprofissional" é, ainda, inadequado

1.Tal termo deixa claro que existem vários tipos de profissionais, de múltiplas profissões regulamentadas da área da saúde, que fazem uso da acupuntura como ferramenta terapêutica ou técnica. Até aqui, superficialmente, tudo bem.

2. A Acupuntura é uma "ferramenta" inseparável do Saber que lhe dá sentido; ou seja, inseparável da Medicina Chinesa. Isto também é ponto pacífico entre todos.....

3. Sabemos todos que muitos praticantes da Acupuntura/MC no Brasil não se encaixam no grupo de profissionais citados no item 1. Temos práticos, técnicos, graduados no exterior e formados em cursos livres que trabalham com acupuntura.

4. A PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde) só contempla os profissionais do item 1.

5. Os Pls 1549/03 (câmara) e 473/11 (senado) contemplam todos os profissionais acima. Além do mais, preveem a criação do nível superior em Acupuntura, fazendo jus à grandiosidade deste Saber (item 2).

6. Tais PLs sendo aprovados, teremos a criação da profissão Acupuntura, devidamente regulamentada e com formação prevista em nível superior. Além da regulamentação do uso da técnica pelos especialistas.

7. Os representantes de conselhos das profissões já regulamentadas tendem, e historicamente o fizeram, a boicotar a regulamentação plena, como consta nos projetos acima. Argumentam "a falta de necessidade de regulamentação da profissão, sendo que já existem inúmeros profissionais que praticam a 'técnica' e podem suprir a necessidade do Estado, mais especificamente na PNPIC". Como exemplo recente temos o Pl 480/03, relatado pelo senador Flavio Arns, o qual foi todo desfigurado e perdeu o inciso que previa o nível superior e deixou de regulamentar a "profissão" e passou a regulamentar a "prática" da acupuntura - foi arquivado com o fim da legislatura anterior, depois de ser colocado para "vistas", pelo senador Casagrande.

8. Devido ao explicado no item 7, o termo "acupuntura multiprofissional" - o qual exclui, de antemão, a PROFISSÃO ACUPUNTURA/MC - passa a ser bastante perigoso se não levamos em conta a regulamentação plena da profissão. Regulamentada a profissão Acupuntura/MC - aí sim - poderíamos falar em acupuntura multiprofissional. Teriamos os acupunturistas (todos os citados no item 3), novos formados em ACUPUNTURA/MC em nível superior e os especialistas em Acupuntura, das outras profissões.

9. Nunca é demais lembrar aos especialistas atuais que, com a regulamentação dos PLs supracitados, eles passariam a ter a possibilidade de atuarem com DUAS carteiras profissionais; por exemplo, Enfermagem E Acupuntura.

10. Sigamos com o debate e com as ações.

Saudações!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PL 1549/03

PL 1549/03

SUBSTITUTIVO AOS PROJETOS DE LEI Nº 1.549, Nº 2.284 E Nº 2.626, TODOS DE 2003 

Regulamenta o exercício profissional de Acupuntura. 

O Congresso Nacional decreta: 

Art. 1º:  É livre o exercício da Acupuntura em todo o território nacional, de acordo com as disposições desta lei. 

Art. 2º : Acupuntura é o conjunto de técnicas e terapias que consiste na estimulação de pontos específicos do corpo humano, mediante o uso de agulhas apropriadas, bem como a utilização de instrumentos e procedimentos próprios, com a finalidade de manter ou restabelecer o equilíbrio das funções físicas e mentais do corpo humano.  

Art. 3º: É assegurado o exercício profissional de Acupuntura: 

I – ao portador de diploma de graduação em nível superior em Acupuntura, expedido por instituição de ensino devidamente reconhecida;
II – ao portador de diploma de graduação em curso superior similar ou equivalente no exterior, após a devida validação e registro do diploma nos órgãos competentes; 
III – ao portador de diploma de graduação em nível superior, que tenha concluído curso de especialização em Acupuntura até a data de entrada em vigor desta lei;
 IV – ao portador de diploma de curso técnico em Acupuntura, expedido por instituição de ensino reconhecida pelo governo, que tenha concluído o curso até a data de entrada em vigor desta lei; 
V – aos que, embora não diplomados nos termos dos incisos anteriores, venham exercendo as atividades de Acupuntura, comprovada e ininterruptamente, há, pelo menos, cinco anos, até a data da publicação desta Lei. 

Parágrafo único. É assegurado aos profissionais de que tratam os incisos III e IV deste artigo o direito de concluir, em prazo regulamentar, os cursos que tenham sido iniciados até a data de entrada em vigor desta lei. 

Art. 4º: Compete ao profissional de Acupuntura: 
I – observar, reconhecer e avaliar os sinais, sintomas e síndromes energéticas; 
II – consultar e tratar os pacientes por meio da Acupuntura; 
III – organizar e dirigir os serviços de Acupuntura nas empresas ou instituições; 
IV – prestar serviços envolvendo auditoria, consultoria e emissão de pareceres sobre a Acupuntura; 
V – participar no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde; 
VI – participar na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde; 
VII – prevenir e controlar sistematicamente os possíveis danos à clientela decorrentes do tratamento por Acupuntura; 
VIII – auxiliar na educação, visando à melhoria da saúde da população. 

Art. 5°: É assegurado o direito de utilização de procedimentos isolados e específicos da Acupuntura no exercício regular das outras profissões da área de saúde, conforme previsão legal dos respectivos conselhos profissionais.

Parágrafo único. O profissional de que trata este artigo, deverá submeter-se a curso específico, em caráter de extensão, ministrado por instituição de ensino devidamente reconhecida. 

Art. 6º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Sala da Comissão, em de de 2012. 

Deputado VICENTINHO 
Relator 2011_

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Projeto Acupuntura Independente


O Projeto Acupuntura Independente conta com ferramentas interativas e com uma abordagem colaborativa. Foi criado o grupo de discussão no Facebook e hoje já contamos com cerca de 5.000 membros. Também há uma página no facebook interligada a este blog. Todas as pessoas interessadas em defender a autonomia da Medicina Chinesa são muito bem-vindas.....


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Por quê Acupuntura Independente?

 
 
1. A Acupuntura faz parte de um Saber Milenar, fartamente documentado em extensa literatura, há mais de 2.000 anos.

2. Tal Saber é considerado uma Racionalidade Médica, ou seja, possui todas as dimensões que a definem como tal: Cosmologia (doutrina/ visão de mundo), morfologia (concepção anatomia), dinâmica vital (fisiologia), Sistema de Diagnóstico próprio, Sistema terapêutico próprio.

3. O próprio SUS, por meio da festejada Portaria 971 a define como "um Sistema Médico Integral".

4. Quando falamos independente, para bom entendedor, o que estamos dizendo é que esse Sistema Médico Integral não depende de outra Racionalidade Médica para continuar existindo, nem tampouco de recortes dessa outra Racionalidade médica (profissões da saúde).

5. Um Saber Independente não quer dizer alheio aos outros, ou contra os outros, mas autônomo e com seu campo de atuação definido por seu corpo teórico-prático.

6. O que buscamos é o reconhecimento autêntico, que surge do encontro com esse Saber; e não com a tentativa etnocêntrica de fazê-lo inteligível unicamente segundo os ditames vigentes e, assim, expropriá-lo de sua matriz (Medicina Chinesa) para depois negá-lo, excluí-lo, e a todos profissionais que comungam de seus preceitos.

7. Os Pls que tramitam e regulamentam a PROFISSÃO ACUPUNTURA são includentes, ou seja, todos os atuais acupunturistas estariam contemplados (técnicos, práticos, graduados no exterior, especialistas). E, de quebra, ainda estariam preservadas as especialidades (ou seja, a técnica, mesmo desprovida do Saber que lhe dá sentido, poderia ser utilizada pelos MULTIPROFISSIONAIS).

8. Para finalizar, convenhamos, essa luta tão "democrática" por uma Acupuntura Multidisciplinar que EXCLUI os ACUPUNTURISTAS (sim, Todos devem saber que as entidades vinculadas a esta defesa Multidisciplinar fazem ponto no Congresso e combatem vorazmente a regulamentação da PROFISSÃO), me parece de muito mau gosto, para ser ameno.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Carta para Petra

 Começo a escrever este relato motivado por uma ânsia de desculpar-me com minha pequena Petra. Desculpa-me querida por não ter sido suficientemente firme, junto com sua mãe, na resolução prévia de como seria seu parto. Tínhamos a intenção de recebê-la no conforto de nosso lar, sob os cuidados de mãos carinhosas e preparadas e de um ambiente acolhedor. Mas entenda que muitos fatores contribuíram para que tal idéia não fosse levada a cabo: estávamos sem casa até faz pouco tempo; a situação financeira pouco favorecida de família nova não nos ajudou a definir concretamente, e a tempo, pela ajuda de uma autêntica parteira e de uma  Doula; a mamãe estava ótima, confiante e preparada para sua chegada (e já conhecedora na prática de seu próprio poder, devido ao parto vaginal de sua irmã Pri, há nove anos atrás);  o papai se sentia seguro, pois já tem um pouco de experiência em partos humanizados (inclusive no maravilhoso parto domiciliar de sua irmã Adara) e sabe como fazer bom uso dos ensinamentos milenares da Medicina Chinesa para o entendimento dos mecanismos infalíveis da natureza, como a mágica fisiológica das sábias etapas do nascimento, e de como apoiar ditos processos; e, para finalizar as desculpas, a mamãe já tinha seu Plano de Saúde (ainda insisto que deveria se chamar "Plano de doença", pelo caráter mercantilista e desprovido da verdadeira intenção de favorecer o entendimento das pessoas sobre as influências globais que afetam suas vidas - mas isso é assunto para outra conversa, minha querida filha, recém chegada a esse mundo em falência...), o qual nos "presenteava" com um dos melhores hospitais de Brasília e com seus profissionais duramente moldados em anos de estudo técnico e alienado.

Vamos aos fatos, para que entendas os motivos de minha angústia e vontade de fazer chegar a você, e a todas as pessoas que esperam por partos verdadeiros, nossa vivência recente:

Sua mãe teve uma gestação normal, sem problemas maiores (apenas os esperados nesse momento de adaptação e transformação fisiológica intensa). Estávamos assistidos pela mesma obstetra que acompanhou o primeiro parto (e a confiança nela sempre foi enorme, principalmente por existir um respeito e empatia mútuos) e seguíamos firmes na intenção de tê-la como médica no parto. Nesse meio tempo, sua mãe começou a pesquisar mais e mais sobre o Parto Humanizado (incentivada por mim e por sua natural vontade de viver plenamente a experiência do parto), a ver vídeos, ler artigos e relatos, a entrar em Grupos de Compartilhamento, etc. Começou a ver e a se emocionar com partos domiciliares, a entender seus riscos (mínimos - ainda que os Status Quo os supervalorizem) e perceber suas grandiosas vantagens. A partir dessas incursões, começamos a conversar sobre a possibilidade de um parto em casa e um pequeno detalhe nos distanciava dessa possibilidade: não tínhamos, ainda, uma casa! Então seguimos com o Plano original: parto hospitalar, normal, talvez com analgesia (como tinha sido o primeiro parto de sua linda mamãe). Fui conhecer a Doutora e me pareceu uma pessoa acessível e tolerante, mas excessivamente "médica".

 (abro aqui um parêntese, minha adorável menininha, e o transformo em um parágrafo, para explicar brevemente o porquê da transmutação desse substantivo em adjetivo: falo de profissionais, com todo o respeito que merecem, formados na racionalidade médica convencional, firmemente apoiados em um formato intervencionista  e tecnocrata, com um corpo teórico e explicações forjados em laboratórios e com uma terminologia que pretende ser considerada a única versão da verdade, e que vislumbra os complexos processos humanos valorizando somente aspectos bioquímicos - o que pode ser genial e realmente eficaz para algumas "'Áreas" médicas, mas que vem se demonstrando realmente pobre e estéril quando falamos de cuidado sistêmico e de saúde, e não somente de doenças, essas "entidades" que vêm sendo friamente nomeadas nos "vademecuns", sincronicamente com o aparecimento de "remédios milagrosos" de grandes corporações farmacêuticas).

E não pretendo com essa afirmação desprezar essa Classe, ou qualquer outra que se apóia nessa mesma racionalidade; pelo contrário. Inclusive valorizo seus avanços e reconheço sua validade. Mas também creio, talvez por meu passado como estudante de Medicina descrente, talvez por minha formação em Antropologia, talvez por minha formação em Medicina Chinesa, ou pela soma das anteriores (ou ainda por simplesmente ser um cidadão com um pouco de discernimento), que esse não pode, e não deve, ser o único formato de explicação sobre o mundo e sobre a vida. E creio, especialmente na órbita da gravidez e do parto, que o desenho biomédico atual, pautado na binômio saúde- doença, pouco tem a acrescentar para a grande maioria das gestantes. E, no fundo, creio mesmo que o formato obstétrico atual gera mais problemas que soluções, em vários níveis (da mãe, do bebê, da família, dos hospitais, das comunidades, do sistema tecnocrático atual, etc.). E é justamente sobre isso, minha recém-chegada terráquea, que gostaria de falar com você nessa carta. Gostaria que ficasse claro pra você que não escrevo esta carta para queixar-me de um médico, de um Hospital ou de qualquer outra coisa. Realmente escrevo esta carta para desculpar-me, com você e, principalmente, comigo mesmo, por não ter seguido fielmente meu coração.

Voltemos à obstetra. Como disse, nossa confiança nela era inabalável (e ainda segue) mas sua mamãe começou a ver outras versões dos fatos. Começou a entender que as intervenções, por mínimas que fossem, poderiam desencadear outras e outras e outras....... Começou a ver que, talvez, a dor do parto fosse algo possível e que, como sempre desconfiara, estava dentro do desenho perfeito da natureza. Começou a questionar a necessidade de tantas intervenções, a analgesia, a episiotomia, o espaço do hospital e, até mesmo, o papel da equipe médica convencional. E ela, como eu disse anteriormente, era médica convencional, e “fã de analgesia”, como nos relatou. Foi nesse momento que sua mamãe pensou: “se não podemos pagar uma Parteira e uma doula para que nos ajudem em casa, também não conseguirei pagar por uma médica, por melhor que seja, que intervenha no Hospital”. E foi assim que decidimos deixar nossa médica e confiar na gente mesmo e entregar o resto pro Plano de Saúde, com seu Hospital e sua equipe. Aqui começou nossa grande saga.

Adianto alguns passos no relato para que você se acalme, menina Petra: sua mãe teve um parto normal, sem estímulos artificiais, sem analgesia, assistida pelo papai o tempo todo, recebendo as devidas massagens, os devidos estímulos naturais, sem episiotomia .... você saiu perfeita, forte, com ânsia de viver, de mamar..... sua mãe já está totalmente recomposta, passados dois dias do parto.....enfim, o balanço geral é maravilhoso.............. apesar da equipe médica e dos procedimentos hospitalares. Sim, minha querida, é triste, mas a intervenção dos profissionais em assistência ao parto beira o catastrófico. Despreparados para assistir, treinados para intervir..... Desconhecedores dos mais básicos preceitos de parto natural, quanto menos do parto humanizado. Mas como já falei antes, não quero aqui simplesmente criticar o despreparo da medicina oficial, tampouco de seus profissionais – esse já é conhecido de todos que se abriram para os nobres preceitos da ciência da natureza. Esse despreparo está atrelado a toda à racionalidade médica contemporânea, excessivamente controladora e intervencionista. Ótima para algumas situações graves, de vida ou morte. Horrível para cuidar das pessoas e estimular a poder de cura intrínseco de cada um. Irrepreensível quando falamos de grandes cirurgias e de grandes estudos científicos financiados pela máquina das grandes corporações. Desprezível sim, quando chamada a entender e respeitar processos fisiológicos naturais e apoiá-los ....

E foi exatamente pelo dito anteriormente que decidimos ficar em casa no dia do trabalho de parto (sim, já tínhamos achado uma casa para chamar de lar no último mês e estávamos cada vez mais tentados a parir por aqui mesmo... mas, a esta altura, não tínhamos uma parteira, nem uma doula, mas tínhamos a gente mesmo....). E assim o fizemos. Dia 19 de janeiro, ao meio dia, a barriga começou a ficar estranha. As contrações começaram a estar mais presentes e sua mamãe, em dado momento, me confidenciou, com os olhos brilhando: “acho que começamos....” . É, ninguém melhor que ela para lançar esta afirmativa.... Já estava tudo pronto para receber você, nossa pequena dádiva, e o tempo corria macio. No avanço do dia e na chegada da noite as contrações se intensificaram, mas nada fora do normal.... a mamãe estava ótima, disposta, com pouca dor, alimentando-se, caminhando, vendo televisão, ficando abraçadinha comigo (engraçado Petra, mas você sabia que comprovaram – e lá isso precisa de comprovação! - que as carícias entre os pais estimulam o trabalho de parto, fortalecem o útero, facilitam a expulsão do bebê, etc?). Nesta altura, as contrações já apareciam a cada 3 minutos e ficavam apertando você prá baixo durante 1 minuto inteiro..... e você lá, de cabeça, abrindo a pelve da mamãe, lentamente.......Pois é, a coisa ia mesmo tão bem que decidimos dar uma deitadinha para descansar, já que o parto poderia ser longo (sua irmã mais velha já tinha ido dormir com a vovó e estávamos sozinhos, só te esperando).

Mas as três da madruga a coisa apertou..... contrações fortes, fortíssimas, quase ininterruptas..... falei prá sua mãe: ela tá nascendo.... vamos pro hospital? (claro, havíamos decidido ficar até não agüentar mais, para evitar problemas no hospital, e o momento havia chegado...). Lá fomos nós. Eu disse prá mamãe: querida, a dilatação já deve estar avançada e realmente acho que a baixinha já está saindo..... mas lembre-se, a partir de agora, você será totalmente guiada pela natureza que há em você, você é um bicho, um lindo bicho fêmea dando a luz.........quando ela coroar, e falta pouco, entregue-se totalmente, não tenha pressa, ela vai sair logo logo, quando esteja tudo adequado, a pelve aberta, o canal dilatado e bem irrigado, você pronta para abrir-se totalmente..... mas ela já estava em transe.

Chegamos ao hospital em 10 minutos... e ela parindo. A primeira burocracia à frente, ela virando bicho na sala de espera, eu pegando papéis, certidões, carteirinhas, o escambau. Atendente fria como a luz do hospital. O ar-condicionado marcava a temperatura, 18 graus. Passamos para a consulta com a médica plantonista. Toque frio como o ambiente, “sete centímetros de dilatação”, falou a médica em tom glacial, enquanto sua mãe já se esgoelava. Você pedindo passagem...... Mais burocracias e chegamos ao centro obstétrico (frio!!!!). Neste momento a mamãe já urrava e me olhava nos olhos e eu massageava os pontinhos pertinentes e estimulava as agulhinhas na orelha, ela apertava minha mão e agüentava.... o médico não chegava e estávamos só os dois e nos olhávamos e era você que víamos....... e realmente você apareceu...sua cabecinha já coroava em baixo e estávamos só os três.

E foi justo nesse momento que chegou o médico, e chegou chegando... e vieram as enfermeiras, não sei quantas, num verdadeiro baile de máscaras, e aí começou nosso martírio. Aí começou a ação do despreparo para receber de maneira humana e natural uma criança. Começou a desconfiança no poder da mãe, a única que não deveria, jamais, ser menosprezada. Veio, nesse momento, a frieza de profissionais prontos para intervir, como o fazem em todos os partos. E chegaram já prontos para cortá-la (quase dizendo “somos nós que fazemos o parto”) e tive que impedir que cortassem o sexo de sua mãe (e eles com a desculpa, ou o discurso já gasto pela voz machista da formação médica, de que fariam a episiotomia para ajudar na saída, ou para evitar que cortasse a vagina com a pressão do bebê).

Mas também veio à tona a loba. Veio à luz uma mulher que já estava preparada para parir e dar à luz a uma criança de maneira consciente e digna. E essa loba, sua mãe, atacou vorazmente o médico, quando este, do alto de sua sabedoria mecânica, e total incapacidade de somente assistir sua saída, enfiou brutalmente as mãos onde nunca, jamais, deveria enfiar..... e sua mãe lhe mostrou todas as garras e lhe golpeou algumas vezes e bradou, “tire a mão tire a mão”, como se falasse a um intruso e eu, seu pai, olhava nos olhos de sua mãe e lhe dizia que Petra já havia chegado, ao mesmo tempo em que falava, “Doutor, tire a mão daí, não há pressa, ela já chegou, a saída é uma questão de tempo”. E de outro lado, uma mascarada dizia ignorantemente, “ela tem que sair, está sofrendo”.... está sofrendo? Estará sofrendo por escutar tanta besteira, por ter que se sujeitar a tamanho despreparo... e a néscia ainda continuava, dirigindo-se à parturiente, sua mãe, “não grite, não grite” e “faça mais força, a criança está sofrendo”..... meu deus, não é possível que isto esteja acontecendo, pensava eu, tudo ótimo, tudo indo bem, e agora tenho que proteger minha mulher e minha filha desses despreparados (mas veja bem minha filha, falo isto pra você, e muitos podem estar lendo isso e pensando que estou desrespeitando os médicos e os profissionais da saúde, e que estou sendo exagerado, mas não, realmente creio que não os desrespeito mais do que nos desrespeitaram, creio que, talvez, façam muito bem partos cirúrgicos e que saibam transformar a parturiente em doente como ninguém, mas, realmente, não entendem nada de auxílio e atenção ao parto normal, humanizado e natural).

O pior mesmo veio quando você saiu, minha filha (logo nesse momento mágico em que você veio à luz....). Estes seres te pegaram e te chacoalharam, e havia uma luz desconfortável, e uma temperatura pouco apropriada, e eles não queriam esperar para cortar seu cordão, não queriam deixá-lo parar de bater..... por quê? E por que não te colocaram imediatamente no seio de sua mãe, minha filha, apesar de nossa insistência? E por que razão, meu deus, preciso entender, não te deixaram repousar conosco, calmamente, assim que chegastes ao mundo? É mesmo por puro protocolo que te retiraram de nossos braços, seus pais, e te levaram e eu tive que ir atrás para limitar a ação nefasta das infelizes enfermeiras? E assim deixar sua mãe (não queria deixá-la depois do parto, não queira...) ali, recém-parida, sem poder ver a carinha de sua filha que esteve durante 40 semanas em seu ventre? E, ainda assim, não consegui evitar que enfiassem uma cânula de uns 10 centímetros em seu narizinho minúsculo e chegassem até seu pulmãozinho.... me desculpe, me desculpe.....

Minha pequena, realmente escrevo tudo isso com muita emoção. Não posso deixar de pensar quão melhor para todos seria recebê-la no conforto de casa, pelas mãos de mulheres preparadas (sim, acho que mulheres devem auxiliar no parto, mulheres... e homens com seu lado materno aguçado). E sem todo o terrorismo da medicina oficial e de seus agentes. Sim, fomos vítimas, como o são todos que se sujeitam a um parto hospitalar, de ameaças sutis ou diretas, constantemente: “o bebê é muito grande, tem que fazer a episiotomia”, “uma circular de cordão, cesariana...” , “tem que tomar a vitamina K senão vai ter hemorragia”, “tem que tomar analgesia senão não agüenta a dor....” e por aí vai o arsenal de sentenças espalhando o medo, e semeando pais encurralados.

Mas aqui estou, minha querida, sobrevivendo a tudo isso e te contando, e a todos que queiram ouvir: você teve um parto digno, pela força de sua mãe, e com o amparo de seu pai, apesar da perversidade do formato convencional de ver as coisas. E gostaria sim que esta estória servisse de inspiração, como tantos outros relatos, para os pais que pensam em resgatar o poder do protagonismo nesse momento tão especial.

Um beijo carinhoso de seu pai


http://www.rehuna.org.br/

Grupo Gestação, Parto e Maternagem: https://www.facebook.com/groups/314589785219371/

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Carta dos Estudantes

Nós, alunos da Escola Nacional de Acupuntura, gostaríamos de compartilhar nossos pensamentos, sentimentos e expectativas em relação ao caminho dentro do estudo da Medicina Tradicional Chinesa. Unidos por um interesse comum pela Saúde e pelas Ciências Médicas, dispusemo-nos a explorar essa racionalidade médica milenar, e nos deparamos com sérias limitações que dificultam o florescer desse conhecimento em nosso país.

A acupuntura tem seu próprio corpo teórico e prático original, desenvolvido ao longo de 4000 anos, sem paralelo com nenhuma outra profissão de saúde ou terapia holística. No entanto, o que se vê atualmente em nosso país, são tentativas de diminuir essa Ciência Medica Oriental e transformá-la em um mero ramo de racionalidades completamente distintas.

A acupuntura (termo que aqui vai significando a totalidade da medicina chinesa) não é uma mera especialidade ou habilitação, uma mera técnica ou prática. Não é uma simples terapia integrativa e complementar, mas integral e auto-suficiente, e justamente por isso ela não pode ser submetida a outro sistema de pensamento, que é o que tanto se tenta fazer. Ela não pode ser assimilada ao sistema médico ocidental, não por mero capricho de profissionais e estudantes da acupuntura que não tinham uma graduação prévia em outras áreas de saúde, mas por impossibilidade epistemológica, que invalida de pronto qualquer tentativa nesse sentido. Transformar a Medicina Tradicional Chinesa em mera especialidade de uma racionalidade alheia, aprendida em alguns finais de semana de estudo, é o mesmo que aplicar as normas do Português a um idioma estrangeiro, e depois, ainda por cima, taxá-lo de incompreensível e ineficaz!
Ineficaz!? Senhores da ciência, homens e mulheres estudados, dignos membros da classe política, a Medicina que por milênios permaneceu incólume, como sustentáculo da saúde de uma imensa nação, merece ser questionada dessa forma? Sujeitada a experimentos por aqueles que nem ao menos se deram ao trabalho de entender sua linguagem, seus símbolos, seus princípios? Estamos certos de que a sua sensatez não permitirá tal desrespeito.

Por isso, pedimos que escutem nosso apelo. A Verdade, senhoras e senhores, não disputa mercado. A Sabedoria é um tesouro de tamanha vastidão que não podemos nunca pretender possuí-lo por completo; um tesouro cujas raízes se estendem desde o mais remoto passado ao futuro inimaginável, um tesouro que não limita nem separa, mas que integra. Tampouco diz respeito apenas ao que é tangível, mensurável e comparável, incluindo também o tradicional, passado de geração em geração, não raro contrariando os princípios mais básicos daquilo que entendemos como ciência, mas nem por isso menos válido, menos seguro ou menos efetivo.

Nós somos estudantes, e com humildade lhes dirigimos essas palavras: reconhecemos os anos de caminhada que os tantos profissionais de Saúde já formados têm à nossa frente, mas lembremos, todos nós, que as décadas de estudo que um homem pode acumular em sua vida nada são perante os milênios de existência da Medicina Tradicional Chinesa e de outros tantos tesouros inestimáveis de sabedoria que existem em nosso mundo. Relegar esse conhecimento ao banco de reservas da nossa “Ciência Moderna”, criança recém engendrada em nosso bojo ocidental, é um desrespeito sem tamanho.

Não estamos aqui para desferir alfinetadas ou agulhadas contra qualquer racionalidade, muito menos contra os frutos dos avanços do nosso próprio Ocidente. Nossas agulhas estão a serviço do bem, da saúde e da harmonia. Louvamos os avanços das frentes científicas ocidentais, cujo valor inestimável reconhecemos inteiramente. O que queremos é apenas o devido respeito e a merecida atenção ao progresso já há muito alcançado pelos irmãos da Ciência Médica que nos legaram os conhecimentos e as técnicas da Medicina Tradicional Chinesa.

Quando falamos na criação de uma graduação em acupuntura, o que estamos pedindo é a oportunidade de explorar a fundo essa ciência tão antiga, que não é meramente uma técnica complementar nem apenas uma especialização, como já foi explicado. É por isso que queremos uma graduação em Acupuntura, com duração de pelo menos quatro anos e grau de bacharel ou equivalente, com todas as diretrizes curriculares estabelecidas em lei e contemplando todos os princípios e peculiaridades desse maravilhoso sistema médico. Só assim evitaremos que a grande Medicina Chinesa se limite à simples repetição de protocolos prontos e impensados que se faz na dita “acupuntura científica”.

Não é possível apreender tantos séculos de sabedoria em apenas 180 ou 360 horas, um final de semana por mês. Por isso, acreditamos que a acupuntura é de todo incompatível com um modelo de habilitações e especializações. Infelizmente, a maioria da população – incluindo aí muitos pretensos acupunturistas – desconhecem essas particularidades da racionalidade médica chinesa, o que torna essencial uma campanha informativa acerca das características, vantagens e desvantagens da acupuntura e demais práticas dessa fantástica ciência. São várias as pessoas que afirmam só aceitar fazer acupuntura com médicos ou outros profissionais que já tenham graduação prévia em alguma ciência da saúde, o que demonstra o desconhecimento e desinformação reinantes, situação que exige reparação urgente.

Que fique bem claro que o que estamos dizendo não é que profissionais vindos de outras áreas da saúde sejam incapazes de fazer boa acupuntura. De forma alguma: suas formações prévias têm muito a contribuir para a excelência do profissional. Porém, é imperativo que o ele se empenhe em conhecer toda a ciência médica chinesa, do zero, despindo-se de todas as pré-concepções adquiridas em sua formação original – o que, convenhamos, é nitidamente incompatível com um modelo de especializações. Ou seja, a Medicina Chinesa é uma ciência independente, e por isso também tem de ser vista como uma formação autônoma.
Além disso, a acupuntura tem um potencial incrível como método preventivo e de tratamento para as massas, por conta de seu baixo custo e notável eficácia (obviamente, desde que respeitados seus princípios norteadores). Sempre foi assim, desde seu surgimento na antiga China, e não há razão para que não o seja também no Brasil da atualidade. O lugar da acupuntura não é apenas dentro das clínicas, mas acessível a todos aqueles que dela necessitarem, inclusive dentro do SUS, mas de modo diferente do que é feito hoje: não por pretensos especialistas, mas por acupunturistas em especial.

A Medicina Chinesa tem de ser praticada por profissionais graduados em Acupuntura. Não queremos uma acupuntura fatiada e descaracterizada, mas preservada em sua totalidade, como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade que ela é. É um saber tradicional, devendo portanto ser tratada como tal, e não necessariamente se opondo à ciência nos moldes ocidentais. Cabe à comunidade científica uma postura mais receptiva, sem preconceitos contra aquilo que não compreende, por não lhe ser familiar.
Como estudantes, o que esperamos do futuro é um curso de graduação estruturado e respeitado, uma profissão reconhecida e valorizada em cooperação com as demais profissões da saúde, mas sem interferência dessas. Queremos a Acupuntura integral, e queremos que todos saibam que acupuntura é com acupunturista.

Brasília, 28 de maio de 2011
Redigida por Sávio Rocha da Silva e Daniel Caltabiano

ENAPEA DF: em defesa de um Patrimônio Cultural da Humanidade

segunda-feira, 23 de maio de 2011

ENAPEA DF: em defesa de um Patrimônio Cultural da Humanidade


PROGRAMAÇÃO



8:00 às 8:30 - Entrega das credenciais e procedimentos de recepção
8:30 às 9:30 - Cerimônia de Abertura
9:30 às 10:00 - Coffee Break
10:00 às 11:30 - Palestra: Analgesia Geral e Local, com o Prof. Francisco Vorcaro de Souza
11:30 às 12:30 - Palestra: MTC - Passado, Presente e Futuro, com o Prof. Túlio Americano do Brasil


12:30 às 14:00 - Almoço


14:00 às 15:30 - Palestra: O Saber Tradicional da Medicina Chinesa e a Ciência Convencional no Ocidente, com o Prof. Pedro Ivo Marini Tahan
15:30 às 16:30 - Apresentação: ENAPEA e a consolidação da Acupuntura/Medicina Tradicional Chinesa, com Roberta Blanco, Silvia Biguetti, Bruno Nöthlich e Alberto Cantídio Ferreira


16:30 às 17:00 - Tea Break


17:00 às 19:00 - Debate Aberto: A Regulamentação da Acupuntura no Brasil e a Defesa de um Patrimônio Cultural da Humanidade
19:00 às 19:30 - Encerramento

20:00 – Confraternização (Adesão)

Participações: UNESCO, Parlamentares e Representantes do Executivo Federal, Embaixada da China, Entidades de Classe da Acupuntura, Escolas e demais representações.

Carta Aberta dos Estudantes de Acupuntura.

Formulação da Carta de Brasília pela Regulamentação Plena da Acupuntura.