domingo, 26 de julho de 2009

mutações

I CHING: O Livro das Mutações


Tatiana de Moraes Souza

Todos os elementos da natureza estão em permanente estado de combinação, interação, mutação, em busca de um equilíbrio dinâmico e do estado natural das coisas. Ao observarmos esse ponto de vista, percebemos que existe uma ordem, um sentido que rege todos esses arranjos, combinações e interações. Este sentido subjacente a todas as coisas foi chamado TAO pelos sábios da antiguidade chinesa.

Citando um exemplo bem simples, podemos dizer que cada estação do ano corresponde a um arranjo da natureza, tornando mais propícia a vida de determinadas plantas e animais e mais propícias determinadas ações do homem. Assim, o TAO rege também os comportamentos, as virtudes e as ações humanas, de modo que a sabedoria residiria em conseguir apreender a ordem, o sentido vigente em determinada época ou momento e viver em harmonia com ele.

Uma determinada virtude, um valor ético ou mesmo um governante perde sua legitimidade quando deixa de estar em sintonia com a totalidade, com o arranjo, o sentido (TAO) que rege aquele determinado momento. Pode haver o momento da virtude tolerante, o momento da virtude guerreira, o momento da sabedoria e da astúcia, o momento de unir e o de separar.

O TAO nos incita a penetrar e a fundir com a totalidade, mas isso não é possível apenas com o uso do nosso lado racional, é necessário dissolver nosso próprio eu na totalidade e alcançar estados de consciência (ou de inconsciência) por meio dos quais o eu e a natureza se tornem juntos um contínuo de existência, energia e percepção.

Aqui entra o Livro das Mutações ( I Ching ): um tratado científico e filosófico através do qual homem tentou materializar em símbolos o sistema natural da vida, assumindo a necessidade de entender e tentar harmonizar-se com tudo que existe ao seu redor. O I Ching é como se fosse um código para a compreensão dos fenômenos da vida dentro dos ciclos de transmutação nos quais estamos inseridos. Um código que, quando compreendido corretamente através do aprofundamento de nossas vivências em sua sabedoria, nos permite estar em harmonia com todos os processos de mutação de nossas vidas. Algo como encontrar o caminho da menor resistência aprendendo a fluir cada vez mais a favor da corrente.

É um oráculo que representa o presente - e os movimentos que regem o presente - sem considerar uma equação linear de causa e efeito e sim a sincronicidade entre acontecimentos. Nas palavras do sábio (o próprio I Ching): “a coincidência dos acontecimentos, no espaço e no tempo, significa algo mais que mero acaso, precisamente uma peculiar interdependência de eventos objetivos entre si”. A importância crucial desse livro reside em seu potencial para servir de ponte entre nós e a ordem natural das coisas; para entendê-lo será preciso assumir que suas palavras emergem de nossa interação com o sábio que há em nós mesmos.

Tatiana é aluna do curso de formação profissional em Acupuntura, da Escola Nacional de Acupuntura - ENAc.

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